quinta-feira, 4 de setembro de 2008

CORRENTEZAS (Joseli Dias)

Amanheceu e minha canoa
navega tranqüila
no seio das águas
no meio do mar

Na minha canoa
eu levo a esperança
mulher e criança
do meu navegar


Nas correntezas deste rio
é que eu tiro meu sustento
é que eu lavo meus lamentos
é que eu acho meu amor

Nas correntezas deste rio
navegam meus pensamentos
é que eu vivo meus momentos
de alegria e de dor

Ê, minha casa é o rio
é minha canoa
que volta, morena
só pra te buscar
ê, minha casa é o rio
é minha estrada
é minha morada
correndo pro mar

No rio encantado
tem cobra Sofia
tem boto que é homem
que vai te emprenhar

E na pororoca
a minha maloca
sumiu por encanto
levada pro mar

Nas correntezas deste rio
nasceram minhas crianças
nasceu a minha esperança
que a vida vai melhorar

Eu levo a vida na minha canoa
o rio é minha estrada
a vida é minha jornada
não saio deste lugar.

POROROCA DE PAIXÃO (Joseli Dias)

Meu amor você me toca
E a alegria que provoca
Dentro do meu coração
É tão grande que parece
A maré que acontece
No começo de estação
É o rio transbordando
A correnteza aumentando
É água varrendo o chão
Pororoca em nossa cama
Na certeza de quem ama
É pororoca de paixão

Teu amor é como um rio
No começo de estação
Vai arrebentando terra
Vai arrebentando tudo
Dentro do meu coração
Nosso amor é como um rio
Leva tudo de arrastão
Faz tristeza em alegria
Faz a noite virar dia
Iluminando o coração

Meu amor você me diz
Que ao meu lado é feliz
Não interessa a condição
Se na mesa a carne é pouca
Basta um beijo em sua boca
Pra alegrar seu coração
Se a tristeza se anuncia
Me empresta a alegria
Se estou triste, tenho amor
Frio a gente nem conhece
Junto a gente se aquece
Nem carece cobertor.

Teu amor é como um rio
No começo de estação
Vai arrebentando terra
Vai arrebentando tudo
Dentro do meu coração
Nosso amor é como um rio
Leva tudo de arrastão
Faz tristeza em alegria
Faz a noite virar dia
Iluminando o coração.

GATO E SAPATO (Joseli Dias)

Você me olha, me prende, me faz a cabeça
Finge que não me conhece se passa por mim
Mas sempre que pode, provoca, pois tem a certeza
Que eu não resisto a um ataque direto, e assim...

Você faz de gato e sapato com meus sentimentos
Vive em meus pensamentos, mas não quer saber
Se às vezes eu rolo na cama chorando sozinho
Se fico acordado à noite pensando em você

Me diz o que é que eu faço com meu coração
Não dá pra segurar essa minha paixão
Se não me quer não faça o que fez comigo
Se eu não tenho o seu amor também não quero ser o seu amigo

Me diz o que é que eu faço com meu coração
Me diga o que faço para ter você
Eu sonho acordado com os teus carinhos
Mesmo se eu ficar sozinho jamais vou te esquecer.

MULHER DA RUA (Joseli Dias)

Mulher da rua
de seios duros,
de coxas nuas
Lembra das noites
enluaradas,
do manto frio
da madrugada?
Lembra do canto,
lembra da lua
quando passavas
na minha rua?

Lembra da Rua
da Olaria
onde deitada
na grama fria
a qualquer corpo tu te vendias?

Lembra da escada
e da sacada
lembra da “loura”
sempre gelada
com “colarinho”
que eu te trazia?

Lembras das noites
no Sobradinho
onde vendias
os teus carinhos
onde cobravas
o teu michê?
Foi muito antes,
mulher da rua
que me viestes
gingando os seios
me revolvendo
em devaneios
nos sonhos loucos
de ver-te nua.

E o gramado
e a lua cheia
alumiando
tua face nua?
Aquela grama
foi nossa cama,
mulher da rua.

Foram suspiros
entrelaçados
foram dois corpos
emaranhados
foram orgasmos
loucos, gritados
como dois peitos
apaixonados.
Foram loucuras
mulher da rua.

Ainda lembro
que certo dia
a minha Rua
da Olaria
ficou mais feia
ficou sombria
e naquela noite
chorei magoado.
Estava louco
apaixonado
e sem piedade
te despedias.

Tempos se foram
sonhos morreram
filhos cresceram
envelheci.
A realidade
agora é crua
e pela vida
eu me perdi.

Mas tu ficastes
neste passado
que muitas vezes
desesperado
passo as noites
a relembrar.

Ainda sinto
saudades tuas
do teu gingado
das costas nuas
e fico às vezes
a imaginar
que a qualquer hora
na minha rua
quando à noite
brilhar a lua
mulher da rua
tu vais passar.

Taí meu blog, gente...

Criar um blog é, antes de tudo, procurar sarna pra se coçar. Não que tenhamos a intenção de ofender esta ou aquela pessoa, mas pelo tempo que temos que dispor, a partir daí, para mantê-lo atualizado. Eu não sou muito de seguir regras e horários, portanto, meus amigos, vez em quando vocês vão perceber que esqueci de atualizá-lo. Me perdoem desde já. Aqui vocês vão encontrar poesias, contos, crônicas, literatura de cordel, comentários, desabafos, enfim, é uma página pessoal e democrática, minha e de todos vocês. Comentem, mandem sugestões.

Feitas as apresentações, vamos lá...